Esta é uma justiça "que me envergonha até ao vómito"

O advogado João Araújo, depois de visitar José Sócrates na prisão de Évora, repetiu que ainda não foi notificado da decisão do Tribunal Central de Instrução Criminal de prolongar a prisão preventiva.
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João Araújo garantiu esta tarde que José Sócrates "está inabalável", apesar da decisão, revelada hoje em manchete pelo Correio da Manhã de que o Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) decidiu prolongar a prisão preventiva do antigo primeiro-ministro por mais três meses.

"Não pensem que com isto o abatem", disse o advogado em Évora, após ter visitado José Sócrates, detido desde 21 de novembro de 2014, há seis meses, acusado dos crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção.

Pelo contrário, João Araújo mostrou-se muito "desagradado" com esta decisão em particular e com o processo em geral. Falando como advogado inscrito na Ordem, afirmou: Esta é uma "justiça que me envergonha até ao vómito".

O advogado referiu-se ao processo como um "espetáculo pífio, chulo", criticando o facto de "decisões desta natureza, desta gravidade, serem comunicadas através de um jornal", ao qual se referiu como a "gazeta oficial do Tribunal Central de Instrução Criminal". "É algo que me envergonha como membro da Ordem", disse.

João Araújo reafirmou o que já dissera de manhã à agência Lusa, que não fora notificado da decisão de prolongar a prisão preventiva de José Sócrates por mais três meses. Por isso, o que vai fazer em concreto além de recorrer, ainda está por decidir. "O que eu vou fazer depende do conteúdo da notificação", afirmou.

"Desagradado com o modo como este caso está a ser conduzido", o advogado admitiu: "Hoje já não tenho o olhar alegre com que iniciei o processo".

João Araújo defendeu que "o segredo de justiça mantém-se porque convém para esconder a total ausência de factos e de provas, para manter o privilégio de um jornal".

Comparando o processo ao romance "O Processo", de Kafka, João Araújo recusou, no entanto, a ideia de que os últimos seis meses foram de derrotas. "Não. Só se for para si [o jornalista]. Para si e para estes senhores todos. A justiça não é um combate de galos em que ganha o galo mais forte ou mais gordo", disse.

No entanto, o advogado considerou que neste caso três dias na cadeia são "um escândalo" e três horas já "é de mais".

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